Japão quer restaurar regra proibida no judô desde 2010

Por Marcio Arruda Durante a Olimpíada de Paris, Teddy Riner juntou mais duas medalhas de ouro ao seu incrível recorde. O domínio de Riner continua ano após ano. E isso tem incomodado à federação japonesa de judô, que pensa novas soluções para derrubar a hegemonia de um dos maiores judocas de todos os tempos. O site “The Spirit of Judo” informou neste domingo (13/10) que o próximo campeonato japonês, marcado para a próxima primavera do Hemisfério Norte, será submetido a uma mudança nas regras.

A ideia japonesa é reintroduzir em seu território uma técnica de ataque proibida em 2010 pela Federação Internacional de Judô (FIJ). “Um judoca poderá atacar ou defender nas pernas do adversário com as mãos”, resumiu o site especializado The Spirit of Judo. De acordo com a publicação, “o lutador deverá ter previamente agarrado o quimono do adversário, mas também que o ataque deve ser realizado com apenas uma mão; a outra deve permanecer agarrada à roupa do adversário”.

Ao autorizar esta técnica, o Japão espera iniciar uma pequena revolução no esporte. Desta forma, os lutadores se tornaram atléticos em detrimento da técnica. A reintrodução dessa regra permitirá que eles se desafiem com lutadores de categorias inferiores.

De momento, nada indica que a federação internacional irá alterar as regras, mas o Japão deseja usar a sua influência e o seu estatuto histórico como país do judô para que o restabelecimento dos ataques às pernas se espalhe para além das suas fronteiras. Em qualquer caso, as autoridades japonesas assumem a sua oposição aos desenvolvimentos impulsionados pelos atuais líderes do judô mundial e pelo seu presidente romeno, Marius Vizer, que está no cargo desde 2007.

É importante lembrar que o desaparecimento desta regra foi justificado em 2010 por razões muito específicas. “O objetivo da federação era lutar contra uma tendência, vinda dos países orientais, que fazia o judô se assemelhar cada vez mais à luta livre e corria o risco de desaparecer do programa olímpico”, declarou Axel Clerget, campeão olímpico no evento de equipes mistas em Tóquio, ao jornal Libération.

Para Teddy Riner, tetracampeão olímpico, uma mudança nas regras dos campeonatos japoneses não tem impacto, desde que a FIJ mantenha inalteradas as suas regulamentações atuais. Em caso de desenvolvimento, o judoca de 35 anos seria obrigado a adaptar seu judô novamente para poder responder aos ataques nas pernas. Antes da proibição em 2010, o ídolo francês usava este recurso nos tatames, época que já tinha três títulos mundiais de pesos pesados.