Ex-pilotos de F1 lembram momentos marcantes durante Salon Rétromobile

Por Marcio Arruda

Carros e motos. Novos e antigos. Particulares e de competição. Assim foi a 49ª edição do Salon Rétromobile, que foi organizado entre os dias 5 e 9 de fevereiro, em Paris. Neste ano, a organização montou um estande para mostrar um pouco da história da França na Fórmula 1.

Em 2025, os franceses celebram os 40 anos do primeiro título de um piloto francês na Fórmula 1; Alain Prost conquistou o primeiro de seus quatro títulos em 1985. A França também celebra os 20 anos do primeiro título de construtores de uma equipe francesa na F1; a Renault, juntamente com o espanhol Fernando Alonso, faturou os títulos de pilotos e de construtores em 2005.

Além de modelos de F1 de diferentes épocas expostos neste estande, e também em outros espalhados pelo salão, o evento da indústria automobilística reuniu personalidades do mundo a motor.

Segundo maior francês em número de vitórias e poles na Fórmula 1, René Arnoux lembrou sua primeira vitória na categoria, que foi conquistada no GP do Brasil de 1980, em Interlagos, a disputa épica com Gilles Villeneuve no GP da França de 1979, em Dijon-Prenois.

Arnoux, que conquistou quatro vitórias com a Renault e três com a Ferrari, disse que foi um grande prazer ter sido piloto de duas grandes escuderias da F1. “Meu coração é amarelo e vermelho”, afirmou o bom humorado ex-piloto, fazendo referência às cores principais das duas equipes.

“Sempre foi meu sonho pilotar para o carro vermelho. Não há pessoa que resista quando recebe um convite para guiar uma Ferrari. O Prost, depois de três títulos mundiais, foi pilotar para a Ferrari. Agora, temos o Lewis Hamilton, que depois de muitos títulos pela Mercedes, não resistiu a tentação da Ferrari”, contou Arnoux, hoje com 76 anos.

Gérard Larrousse, lenda do automobilismo com nome cravado no hall da fama em Le Mans, palestrou durante o salão e destacou seus principais momentos no esporte. Aos 84 anos, Larrousse lembrou as duas vitórias nas 24 Horas de Le Mans, em 1973 e 74, ambas com a Matra. “Ter vencido duas vezes a histórica corrida em Le Mans com uma marca francesa é motivo de muito orgulho para mim”, revelou o francês.

Larrousse também recordou os anos em que foi dono de equipe na Fórmula 1. “Fui diretor esportivo da Renault de 1976 até 1984. Foi um período que lançamos o turbo na Fórmula 1. Tenho muito orgulho de ter feito parte do time naquela época”, afirmou.

Depois de ter saído da Renault, Gérard Larrrousse assumiu a diretoria esportiva da Ligier nos dois anos seguintes. Em 1987, fundou a equipe Larrousse e formou parceria com a Lola para a disputa do mundial. Com a saída do time americano, fez nova associação. Desta vez, com a Venturi para acelerar no campeonato de 1992. No ano seguinte, aventurou-se como principal acionista. A Larrousse disputou os mundiais de 1993 e 1994. No início do ano seguinte, decidiu abandonar a categoria.

Quem também palestrou no Rétromobile foi o ex-piloto Olivier Panis. O francês foi o último vencedor pela equipe Ligier. A primeira e única vitória de Panis foi no GP de Mônaco de 1996, uma corrida histórica, já que a Ligier não era, nem de longe, favorita à vitória.

“No domingo eu senti que o carro estava competitivo. Eu larguei do 14º lugar do grid e consegui fazer algumas ultrapassagens. Na curva mais lenta do circuito de Mônaco, tive uma disputa com o Irvine, mas acho que ele foi muito otimista naquele ponto. No final, tive a sorte de o Jean Alesi ter tido um problema com a Benetton e ter abandonado a corrida. Foi incrível!”, lembrou o francês de 58 anos.

O ex-piloto Paul Belmondo, de 61 anos, lamentou na palestra que faltou um pouco de sorte nas decisões para ter uma carreira mais longa na F1. Como titular, o francês Belmondo competiu em alguns GPs em 1992 pela March e outros em 1994 pela Pacific. Na verdade, Belmondo fez mais sucesso como comentarista do que dentro de um cockpit de F1.

Dono de três vitórias na F1 durante o auge da rivalidade Senna-Prost, o belga Thierry Boutsen visitou o estande da história da França na F1. Após deixar a categoria no final da temporada de 1993, Boutsen participou de corridas de endurance  e rali. Deixou definitivamente as pistas em 1999.

Durante a visita, Boutsen foi reconhecido apenas por alguns visitantes do salão. O belga de 67 anos dedicou um tempinho para falar sobre a F1. “De certa forma, eu contribui um pouquinho para a vitoriosa história da França na F1. Minhas três vitórias em 1989 e 1990 foram com motor Renault. Além disso, também guiei para a Ligier”, recordou o ex-piloto, que venceu os GPs do Canadá e da Austrália, ambos em 1989, além da corrida na Hungria no ano seguinte.

O Salon Rétromobile é organizado todos os anos em Paris desde 1976. A próxima edição acontecerá entre os dias 28 de janeiro e 01 de fevereiro de 2026.