CT de Saquarema na França
- ogalofrances
- 9 de jul. de 2024
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Atualizado: 12 de out. de 2024
Por Marcio Arruda O início da Olimpíada de Paris está cada vez mais próximo. E o sonho de mais um título olímpico no vôlei passa por uma pequena região perto da capital da França. Ocupando uma área de seis mil quilômetros quadrados e com um milhão de habitantes, Moselle está situada a nordeste do país e fica a quase duas horas de trem de Paris.
Até bem pouco tempo atrás, a região só ganhava destaque nas mídias esportivas com o time feminino de handebol da capital Metz, que é o maior campeão francês com 40 títulos, e com a equipe masculina de futebol, que tem o mesmo nome da capital de Moselle e disputa a primeira divisão do campeonato francês.

Mas, a partir de agora, esta região passa a ter uma forte ligação com o Brasil. Moselle virou a casa do vôlei brasileiro na Europa. A região modernizou as instalações esportivas em Verny, que fica a 15 minutos de carro do centro de Metz. O Centro Esportivo Academos foi moldado para ser a Saquarema do vôlei brasileiro na Europa.
A Vice-Diretora Geral do Departamento de Esportes e Juventude de Moselle, Françoise Bataillon, afirmou que a região está muito satisfeita com a troca de informações esportivas e técnicas que faz com a Confederação Brasileira de Vôlei. “O que podemos oferecer é o nosso serviço e nossas instalações. Queremos continuar a proporcionar esta parceria no âmbito social e educacional. O esporte está no centro de todos os desafios da nossa cidade”, revelou Françoise Bataillon.

“Esta parceria originou a construção de parte deste centro. E sabemos que ainda tem muita coisa para melhorar por aqui. O Academos é o carro-chefe da política esportiva de Moselle”, completou a Vice-Diretora Geral.
A escolha de Moselle foi feita por ser um ponto estratégico para o Brasil. Para jogos internacionais em países da Ásia, por exemplo, não haverá um desgaste com viagem tão grande quanto se a seleção tivesse de sair do Brasil para disputar estas partidas.
O auxiliar-técnico da seleção masculina, Giuliano Ribas, o Juba, fez um comparativo entre os Centros de Treinamentos de Academos, em Moselle, e de Saquarema, no Rio de Janeiro. “Saquarema é maior e comporta mais o nosso estilo de treinamento e flexibilidade de horários. Mas aqui a gente consegue dar condições muito importantes para os atletas ficarem focados e pensarem somente em se desenvolver no vôlei. A gente está muito feliz em termos achado um centro de treinamento muito parecido com o nosso no Brasil”, explicou Juba.
Instalações de ponta à disposição do Brasil
O GALO FRANCÊS foi convidado a conhecer as modernas instalações que as seleções brasileiras de vôlei de quadra e de praia usam para aprimorar o treinamento para as mais importantes competições.
As instalações deste Centro de Treinamento, inaugurado em setembro do ano passado, estão distribuídas por sete prédios numa área de 45 mil metros quadrados. Construído exclusivamente para ser dormitório, um dos edifícios abriga 36 quartos. Há ainda refeitório, academia, sauna, centro médico, salas de reuniões, duas quadras para vôlei de praia e uma para a modalidade de quadra.

Além do complexo de Academos, uma quadra em ginásio fechado está à disposição das seleções masculina e feminina de quadra para a realização de todo processo de treinamento. Durante a visita de O GALO FRANCÊS à Arena Le111/Terville, a seleção brasileira de Novos enfrentou a França sub22. A vitória por três sets a zero sem sustos confirmou a superioridade dos jogadores brasileiros.

“Ter uma base aqui na Europa é bem importante porque a gente viaja muito e o desgaste com os fusos é grande. Neste complexo, a gente pode fazer uma aclimatação antes de ir para outros países que tenham um fuso muito grande em relação ao Brasil, mas que não seja muito diferente do horário daqui”, explicou o ponteiro Arthur Bento, de apenas 20 anos.
“Este centro de treinamento fora do Brasil é muito importante porque dá uma bagagem internacional pra gente. Estando aqui na França, a gente consegue fazer vários amistosos aqui mesmo na Europa e isso ajuda no desenvolvimento do vôlei brasileiro”, disse o líbero Maique, de 26 anos.
“A estrutura deste centro é magnífica, mas, por beleza, Saquarema é bem mais bonita”, brincou Maique.
E será justamente no Academos que o técnico da seleção masculina Bernardinho vai finalizar os treinamentos antes da estreia nos Jogos Paris-2024 contra a Itália, no dia 27 de julho. “Apesar de ter uma equipe jovem, a Itália não deixa de ser perigosa. Nesta última fase da VNL, os italianos entraram em quadra numa partida com o time B e jogaram muito bem”, ressaltou o auxiliar-técnico Juba.
Ainda sobre os adversários do Brasil na primeira fase da Olimpíada, Juba prevê que, pelo elenco, a Polônia será um adversário dificílimo. “Há um equilíbrio grande e não há favorito dentro do grupo do Brasil. O Egito, que tem menos vivência no cenário internacional, se torna um adversário perigoso porque entra como franco-atirador”, opinou Juba.
Maique também acredita que o equilíbrio inibe qualquer favoritismo. “Não tem uma seleção que a gente possa apontar como favorita. Tem seleções que cresceram muito nos últimos anos, como o Japão e a França. Então está tudo muito equilibrado. Todos os jogos na Olimpíada serão decididos no detalhe”, aposta Maique.
A delegação masculina chega a Moselle no dia 16 deste mês. Neste período, a equipe só sai da região para jogar amistosos contra a Alemanha. O primeiro será no próximo dia 19 em Metz (França). Dois dias depois, o jogo será em Saarbrucken (Alemanha). No dia 23, jogadores e comissão técnica embarcam para Saint-Ouen, base do Brasil na Olimpíada deste ano.
Desta vez, a seleção brasileira feminina não passará por Moselle, saindo direto de Saquarema para a França. A chegada na Vila Olímpica está prevista para 19 de julho. A estreia será contra o Quênia no dia 29 de julho.
Melhor dupla feminina no ranking mundial, Duda e Ana Patrícia passarão pelo Academos. Pelo cronograma da dupla, elas ficarão em Moselle de 21 a 24 de julho. Somente após este período é que Duda e Ana Patrícia irão para a Vila Olímpica. No masculino, Evandro e Arthur já cumpriram o cronograma de treinamentos na cidade francesa.
Mesma areia de Paris-2024
Técnico da seleção juvenil feminina de vôlei de praia, Alan Garcia vibrou com a areia disponibilizada nas duas quadras do Academos, que é a mesma que estará na arena do Champs de Mars para a disputa da modalidade nos Jogos Paris-2024.

“É uma areia que não tem poeira. Também impõe um desafio à resistência dos atletas no deslocamento. Tem areia que é mais batida, que facilita o deslocamento. Mas esta aqui é mais fofa e, consequentemente, gera um desafio ainda maior.
Marcela Matoso, de apenas 17 anos, tem treinado em Moselle e já vislumbra disputar uma Olimpíada pelo Brasil. “Estar no mesmo centro de treinamento dos atletas que vão disputar os Jogos de Paris é realmente especial. A gente tem a possibilidade de trocar informações com todos que treinam aqui. E isso alimenta o meu sonho, que é um dia disputar uma Olimpíada”, disse a jovem atleta.
As instalações do centro de treinamento Academos está à disposição das seleções de vôlei durante um bom tempo. O acordo entre a Confederação Brasileira de Vôlei e Moselle vai até 2028.
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