Começa julgamento de recurso contra Platini e Blatter

O centro de justiça criminal, conhecido pelo nome de Strafjustizzentrum, em Muttenz, é o cenário do julgamento de apelação de Michel Platini e Sepp Blatter, que começa nesta segunda (03/03).

Platini, de 69 anos, e Blatter, de 88 anos, foram absolvidos da acusação de “fraude” no chamado caso dos “2 milhões de francos suíços” em julho de 2022. Ao proferir a sentença, o TPF considerou que a fraude “não foi estabelecida com uma probabilidade beirando a certeza”, aplicando o princípio geral do direito penal segundo o qual “a dúvida deve beneficiar o acusado”. Essa decisão de absolvição motivou um recurso em outubro de 2023 pelo Ministério Público Suíço, que solicita “a anulação total da sentença de primeira instância”.

Quase dez anos após a explosão do caso “FIFAgate”, os dois antigos líderes do futebol mundial encontram-se novamente perante os tribunais suíços para revelar, mais uma vez, o esquema político, desportivo e financeiro deste caso, que se baseia em um pagamento supostamente desleal feito a Platini (ex-presidente da Uefa) com o acordo de Blatter (ex-presidente da Fifa), no início de 2011, por um trabalho como “assessor técnico”. Esses dois milhões de francos suíços corresponderiam, segundo a teoria sustentada pelos dois réus, a atrasos salariais em benefício de Platini, em virtude de um “contrato verbal” feito entre eles em 1998 para estabelecer as bases de sua relação contratual.

Na sua sentença escrita e fundamentada de 2022, em primeira instância, a TPF considerou que “os 2 milhões de francos suíços pagos (em fevereiro de 2011) a Platini (...) eram devidos pela Fifa, de modo que os réus não agiram com vistas ao enriquecimento ilegítimo”. Essa versão do “saldo salarial” não convence o MPC, que continua apontando um engano e uma fatura fictícia, cuja contrapartida poderia ter sido escondida, segundo a acusação, no apoio da Uefa à reeleição de Blatter na Fifa em junho de 2011.

O Ministério Público suíço está processando Michel Platini e Sepp Blatter por “fraude, gestão desleal, abuso de confiança e falsificação de documentos”. Existe a expectativa para que o julgamento dure quatro dias. O veredicto é esperado para 25 de março.

Foto: Fabrice Coffrini