Prost: “Não sei como teria sido a rivalidade com Senna se existissem redes sociais”

Por Marcio Arruda

Em tempos da série “Senna”, lançada no final de novembro pelo Netflix, o Canal+, importante canal por assinatura da França, lançou o documentário “Prost”, dirigido por Stéphane Colineau e Audrey Strougo, com produção da Colette Production. O filme sobre o maior piloto francês da história da Fórmula 1 foi dividido em seis episódios e que conta a vida pessoal e esportiva do tetracampeão mundial de F1.

Recordista de vitórias quando se aposentou da F1 (51 triunfos), o tetracampeão mundial em 1985, 86, 89 e 93 teve o lado humano abordado neste documentário. E esta face do francês é pouco conhecida, já que Alain preservava a intimidade durante os anos de competição.

No documentário, Prost falou da forte ligação com a avó Victoria Karatchian, falecida em 1978. “Meus pais trabalhavam muito, então eu passei muito tempo com minha avó e tenho ótimas recordações dela”, disse Prost durante um dos episódios.

Alain, hoje com 69 anos, lembrou a dificuldade financeira no início da carreira para poder competir no kart: "Na época de Natal, meus familiares me perguntam o que eu gostaria de ganhar de presente. E eu falava que, ao invés de presente, que me dessem dinheiro para eu juntar, economizar e comprar um kart".

O filme também detalha a relação de Alain com o irmão Daniel. A união dos dois, a paixão de Daniel por esporte a motor e de Alain por futebol – torcedor do Saint-Etienne – , a apresentação do kart pelo irmão e a doença de Daniel.

No documentário, Prost conta o momento da morte do irmão durante o GP de Portugal de 1986. Também mostra os detalhes do GP da Austrália daquele ano, desde a tática da McLaren até a conquista do título mundial.

O documentário relembra a relação dele com Niki Lauda, companheiro de McLaren em 1984 e 1985. Alain afirma que a amizade com o austríaco fez sua competitividade crescer e, consequentemente, chegar ao topo. “Foi um momento especial para mim quando cheguei na McLaren em 1984 para ser companheiro de Niki. Ele era um ídolo para mim”, declarou Prost no filme.

Durante o filme, personalidades famosas da Fórmula 1 fazem declarações sobre o francês. Uma das mais emblemáticas é do tricampeão Jackie Stewart (1969/71/73). O escocês afirmou sem titubear que Prost foi o melhor piloto de todos os tempos da F1. Com 199 GPs disputados na F1 e 51 vitórias, Prost disputou 13 temporadas na categoria (1980 a 1993), tendo conquistado quatro títulos e quatro vices. Apenas no ano de estreia (1980) é que ele não se classificou entre os cinco melhores do ano.

O curioso caso da agressão que sofreu em seu último ano de Renault também foi relatada no documentário. Após perder o título de 1983 para o brasileiro Nelson Piquet, dois carros de Prost foram queimados por funcionários da Renault. A violência fez com que o francês, nascido em Loire, se mudasse para a Suíça.

Prost também contou que a vitória que ele conquistou de Fórmula 3 em 1979 em Mônaco foi fundamental para a entrada dele na F1. “Ali estavam vários chefes de equipes da Fórmula 1 e pude mostrar meu potencial. Aquela vitória despertou atenção do algumas equipes da Fórmula 1”, lembrou Alain.

A rivalidade com o brasileiro Ayrton Senna, assim como os dois anos de altos e baixos na Ferrari, passando pela disputa do título de 1990 e a sumária demissão antes do final da temporada seguinte, claro, não poderiam ficar de fora.

Em entrevista ao jornal Ouest France, Alain disse que a carreira dele é muito mais do que a relação Prost-Senna. “Na minha época de Fórmula 1, não existia nenhuma rede social, o que certamente é uma sorte. Eu não sei como teria sido a minha rivalidade com o Senna se existissem as redes sociais naquela época. Mas, independente de qualquer coisa, continua sendo uma ótima história com Ayrton”, declarou.

O tetracampeonato no ano de sua aposentadoria da Fórmula 1 certamente será lembrado pelo francês. Mas tudo isso o Canal+ deixou para ser abordado nos três episódios finais, que serão lançados no domingo dia 15 de dezembro.